Amazônia, o deserto

Amazônia, o deserto

 Albenísio Fonseca

Retorno de viagem à Amazônia. Trago na mala a grave informação de que – com o aquecimento global comprometendo as geleiras nos Andes, de onde provêem os rios – negro, na Colômbia, e Solimões, no Peru (de cujo encontro vem a ser formado o rio Amazonas) – a maior região de floresta brasileira estaria com os dias contados.

Cercada pelo aquecimento global e por desmatamento, a previsão é drástica e, suponho, irreversível. Sobre o desmatamento, novos dados acabam de ser divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), referentes a maio, com a devastação alcançando 1.096 km2, área próxima à da cidade do Rio de Janeiro. Uma pequena queda em relação a abril, quando foi registrado um desmate de 1.123 km2. Ou seja, em dois meses, a região perdeu o equivalente a duas vezes o Rio de Janeiro.

Numa visão, porventura catastofrista, a situação é ainda mais grave na medida em que a Amazônia Legal esteve encoberta por nuvens em 46% do seu território, em maio, e 53% em abril. Fator que reduz a precisão das pesquisas do Inpe.

A Amazônia ocupa quase 60% do território brasileiro e responde por 7,8% do Produto Interno Bruto do país. Mesmo assim, os recursos em ciência e tecnologia para a região são apenas 2% do total nacional. A floresta é extremamente frágil. Áreas de árvores com raízes profundas são amplamente inferiores às de raízes horizontais.

Fomos contemplados pelo Hotel Ariaú Amazon Towers, encravado na floresta, com um passeio exclusivo. Navegamos o rio Solimões, em plena cheia, sobre copas de árvores. O hotel foi idealizado por influência de Jacques Cousteau e construído com a técnica dos ribeirinhos, há 23 anos. É freqüentado por inúmeras personalidades do jet set internacional. Foi locação para filmes como “Survivor”, “Anaconda” e “Tai na”.

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Foto aérea do hotel Ariau Towers, em plena selva

Na área continental da floresta, o índio, nosso guia, enfia no solo cinco centímetros do facão para retirar areia. Revela-nos plantas de surpreendentes usos medicinais. Oferece-nos água gelada extraída de cipós. Mas ainda que as zonas continentais sejam maiores que as de floresta inundada (igapó), o aumento da temperatura, por si só, afetará toda a biodiversidade dos ecossistemas da Amazônia, e de maneira dramática.

Institutos científicos de pesquisas climáticas são ainda imprecisos quanto à tendência do aumento ou redução de chuvas na região. Alguns projetam até 2030 uma situação permanente de aquecimento das águas superficiais dos oceanos Pacífico equatorial e Atlântico equatorial norte, o que deve levar a clima típico de ecossistemas de savana e não de floresta tropical úmida.

As chances de ocorrerem períodos de intensa seca na Amazônia, como a de 2005, podem aumentar dos atuais 5% (uma forte estiagem a cada 20 anos) para 50% em 2030, estipulam cientistas do Hadley Centre, da Inglaterra. Nosso guia é mais pessimista, diz que, em 40 anos, a floresta será um deserto.

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Albenísio Fonseca é jornalista

1 comentário (+adicionar seu?)

  1. Jozue
    mar 13, 2010 @ 02:34:28

    Albeniso;Gostaria que voce como jornalista passase outras informações sobre a Amazonia. Lhe lembro que a Amazonia está definitivamente protegida por lei em dois terços, sendo reservas indigena, parques nacionais, reservas extrativista, reservas ecologicas, ou seja cuidada pelo IBAMA, exercito, Policia federal, satelites dos Gringos.Mesmo assim eu diria como disse o Gilberto Mestrinho, " se amazonia virar deserto, compramos camelos e seguramente serão nossos os camelos.Lhe sugiro que veja o mapa do Canadá, o maior exportador de madeirado mundo a mais de cem anos, não tem uma só hectares desmatada.Ainda lhe sugiro caro jornalista, uso os espaços que lhe são cedidos para ensinar o povo que há de florestar areas degradas, que há que utilizar as arvores da amazonia , pois elas ficam velhas, caem e os cupins que são cerca de 700 quilo por habitante, vão destruira madeira caida, e os governos continuaram a compra moveis de ferro e formica do sul do pais para as escolas e repatições publicas.Seja brasileiro ocupe seu tempo ensinando as pessoas plantarem arvores, e usar as que temos a nosso disposição.Seja civico e brasileiro, não se embrenhe pelos ouvidos.jozue

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